Um detento de 20 anos foi aprovado na primeira chamada do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) para a Universidade Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), no Ceará. Édipo Renan Martins Barros prestou Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 2011, para, segundo ele, medir conhecimento, mas foi surpreendido pelo resultado. ''Sinto-me abençoado'', disse. “Tenho um sonho de seguir carreira militar, quero estudar direito e agora sei que ainda posso tentar”, afirmou.
Barros foi condenado a seis anos e oito meses de prisão em regime semiaberto por um assalto em 2010. Ele conta que estudou 10 anos em uma escola militar e que deve a isso o conhecimento adquirido para obter aprovação no Enem. “Claro, minha família e os professores do presídio viram meu interesse e me apoiaram muito”, disse o detento que vai se matricular no curso Interdisciplinar em Ciências Humanas na Unilab nesta quinta-feira (19).
Após um ano e três meses cumprindo a pena em regime semiaberto, Barros, além da aprovação no Sisu, conseguiu passar para o regime aberto, tendo de comparecer uma vez por mês ao presídio. “Trabalho de segunda a sexta-feira no IPPOO-I [Instituto Penal Professor Olavo Oliveira 1], o que me ajuda na remição da minha pena. E ser estudante universitário pode ajudar também”, afirma Barros.
Apesar de a universidade ser localizada em Redenção, a 63 km deFortaleza, ele diz que pretende fazer o curso. “Quero vir trabalhar todos os dias e à noite ir para a faculdade”, disse o detento. “Depois de dois anos e meio posso escolher estudar teologia, ciências sociais e quem sabe até abrir caminho para o direito que é o que realmente quero”, explica.
Condenação
Barros disse ter sido condenado no dia 2 de outubro de 2010. Data que não esquece. O rapaz conta que, meses antes, vivia um “relacionamento conturbado” e com o fim do namoro, segundo ele, acabou se aproximando de amizades "erradas". “Um mês depois de conhecer essas pessoas eu estava roubando e fui preso”, conta o jovem que diz ser abençoado também por ter o apoio “da família, dos amigos e força de vontade”. “Sem isso, sem o apoio da família, quem sai [da cadeia] volta a delinquir”, afirma.
Fonte: G1 CEARÁ
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